A Semana do Cerrado é uma iniciativa louvável e plausível, é realizada pelos discentes da Universidade de Brasília (UNB) desde 2016, e conta com a participação de um público bem amplo. Quem participa da organização são estudantes de ciências biológicas, geografia e agronomia. O professor coordenador é o Pedro Togni, do Departamento de Ecologia do Instituto de Biologia. Um dos objetivos da ação é comemorar o dia do Cerrado que é no dia 11 de setembro.
Em um momento bastante delicado que o país passa com as questões econômicas, pandemia e ainda uma degradação do meio ambiente em todos os biomas nos quatro cantos do Brasil. O desmonte do pensamento preservacionista já aplicado por Marechal Rondon, e do grande ativista Chico Mendes parece-me padecer ao fogo queimando baixo, e que vem correndo pelas ações e práticas negativas que temos visto nos últimos anos no país.
Contudo, iniciativas nessa perspectiva desenvolvida por acadêmicos, professores, mestres e doutores unidos no propósito de compartilhamento de ideias e conhecimento, tornando público suas pesquisas e propostas e intervenções das comunidades tradicionais e outras experiências, nos permitem acreditar que ainda brotará a flor do cerrado, as nascentes do capão e buritizais formam riachos e rios no cerrado, bem como os lobos, jabutis, tatus e calangos sobreviverão por alguns anos.
O bioma Cerrado, a Caatinga, e outras fisionomias como veredas, chapadas e matas ciliares carecem ser olhado com uma nova ótica sem dúvida, mesmo que o homem seja um ser pensante e com capacidade de discernir o certo do errado, ainda não formou a consciência de que se degradar sem controle, estará autodestruindo e será cada vez mais dependente de iniciativas como a Semana do Cerrado.
Dialogando com a discente Maria Luiza que é aluna do curso de Ciências Biológicas, percebemos o prazer e a alegria de fazer parte da iniciativa que ocorre todos os anos na UNB, nessa perspectiva, nós do Portal Tinguis nos propormos a registrar um pouco sobre a história do evento, esse que agrega experiências de profissionais e pesquisadores de várias regiões do Brasil, que compartilham os resultados sobre as espécies, seja de animais, insetos, plantas, e ser vivo de um modo geral.
Maria Luiza nos conte como surgiu a proposta inicialmente da “SEMANA DO CERRADO” na Universidade de Brasília, público alvo, resultados, e quais foram as dificuldades nesse momento de pandemia para realizar o evento.
A Semana do Cerrado foi “recriada” por estudantes do curso de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília em 2016. Atualmente, é um evento organizado por estudantes de diversos cursos da UnB e é coordenado pelo professor Pedro Togni. Ocorre anualmente ao longo da semana do dia 11 de setembro (dia do Cerrado) e geralmente composto por palestras, mesas redondas, minicursos e rodas de conversas que buscam um maior esclarecimento sobre temas que envolvem o Cerrado. Nosso objetivo principal é divulgar o Bioma, estimulando a valorização e conservação deste e problematizando as atuais condições que o Cerrado se encontra e as ameaças ele vem sofrendo.
As edições anteriores foram realizadas presencialmente na Universidade de Brasília e voltadas principalmente ao público da própria universidade. Ainda no início deste ano começamos a idealizar uma expansão do público do evento, buscando levá-lo a escolas, asilos e outras universidades do DF. Porém, com a chegada da pandemia, decidimos que o mais seguro seria começar a pensar em um formato online para a V Semana do Cerrado e ousamos ao investir em uma divulgação a nível nacional.
Não podemos dizer que foi simples organizar tudo, pois nunca havíamos tido contato com as tecnologias que usamos e muito menos com um público tão grande e diverso. Somado a isso, havia toda a pesada carga emocional com a qual temos que lidar devido ao cenário político, social, ambiental e sanitário que estamos vivendo. Mas, apesar de tudo, foi muito enriquecedor e gratificante ver o evento tomando forma ao longo dos meses e adquirindo proporções que nós jamais imaginamos.
Acredito que nossa maior conquista no evento deste ano foi que ele nos permitiu aumentar a rede de contato entre organizações e pessoas que apoiam e defendem o Cerrado e os povos que dele dependem. São muitos os grupos e ativistas que lutam por essas causas, mas percebemos que a conexão entre eles é ainda deficiente. Além disso, levar para a sociedade a ciência de base produzida na academia, assim como conhecimentos populares e ações de grandes grupos que colaboram com a proteção do Cerrado é necessário e, pelo retorno que tivemos do público, acredito que estamos no caminho certo para tornar todo esse conhecimento cada vez mais acessível.
Nós da redação do Portal Tinguis ficamos honrados por registrar este importante projeto que é a Semana do cerrado, uma relevante iniciativa que possa pendurar e contribuir na formação e conscientização do humano sobre a necessidade de conservar, preservar, recuperar e criar novos hábitos para com o meio ambiente.
João Almir Mendes de Sousa – é Escritor e Produtor cultural, especialista em Política Pública é o autor do livro “Tinguis Di Repente 50”. Foi Secretario de Cultura e Juventude no Município de Luziânia – GO.
