Escritor Gustavo Dourado toma posse na ABLC e passa a ser o primeiro representante do DF e do Centro-Oeste

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Entrevista com Gustavo Dourado – Escritor e Poeta Popular, presidente da ATL, mestre da Cultura Popular e membro da ABLC.

Hoje seta feira 1º de outubro em um bate-papo via aplicativo de mensagens com Gustavo Dourado que é sempre motivo de  grande satisfação do repórter que aqui escreve para o portal,  dialogar sobre assuntos pertinentes à cultura popular em especial o segmento literatura de cordel, um patrimônio cultural imaterial do Distrito Federal e do Brasil, reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2018.  Página – IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

Imagem: Divulgação

João Almir: Senhor Gustavo Dourado, fizemos uma busca sobre sua biografia e identificamos que migrou para o Centro – Oeste em 1975, em plena juventude, e ao longo dos anos tem contribuido para o fomento e difusão do cordel aqui no Distrito Federal, uma cultura popular já presente desde o início da construção da capital federal em 1956. Porque o senhor passou a envederar nesse segmento da cultura, e como isso se deu?

Gustavo Dourado:  desde menino, em Recife dos Cardosos, Chapada Diamantina, Bahia, tive contato com a Literatura de Cordel por meio da Literatura Oral, dos contos, histórias e causos populares. A influência da cultural popular em mim vem desde criança em minha formação continuada na família, na escola e nas comunidades, povoados, vilas e cidades em que vivi no Sertão da Bahia. Desde a infância aprendi e dialoguei com os poetas cordelistas,  cantadores repentistas, gente do teatro popular, contadores de histórias, mestres da cultura popular e agentes populares da cultura. Foi assim que aprendi a ler e a escrever meus textos e escritos, as cartas, os romances e os folhetos de cordel. Aprendi no contato com.os trabalhadores nas roças, nas vendas e nas feiras dos povoados, sempre na escuta das vozes poéticas do Nordeste Brasileiro e do Centro-Oeste.

Foto: Gustavo Dourado – Posse na ABLC

João Almir:  Aos pesquisarmos sua biografia identificamos que é nordestino do estado da Bahia, tornou-se presidente da ATL – Academia Taguatinguense de Letras, e agora recém-empossado na ABLC, tendo em vista já atuar como pesquisador desde 2018. Como pretende contribuir com a agremiação acadêmica ABLC – Academia Brasiliera de Literatura de Cordel a apartir de agora. 

Gustavo Dourado:  Agora, como Acadêmico Titular da ABLC, pretendo continuar com as minhas pesquisas relativas à Literatura Popular e à Cultura Popular, no apoio ao reconhecimento dos cordelistas, poetas populares, repentistas e xilogravadores, na valorização  e inclusão  da mulheres, dos negros, dos excluídos e das ditas “minorias”. Pretendo colaborar no reconhecimento da Literatura de Cordel, do Repente e da Xilogravura como Patrimônio Cultural da Unesco e pelo estudo e pesquisa da Literatura de Cordel nas escolas, faculdades, universidades, centros de pesquisas, feiras de livros e espaços culturais. Também pretendo  apoiar a regulamentação  das profissões de escritor, cordelista, repentista e xilogravurista em nível federal. Pretendo continuar na luta pelo reconhecimento e valorização  da cultura popular.

João Almir – O senhor  tem  vários livros e cordéis publicados ao longo da vida  como literário e acadêmico, qual o titulo que considera destaque, e nos fale um pouco sobre seu processo criativo no campo da literatura popular, como e onde prefere escrever seus poemas e escritos.

Gustavo Dourado:  Cordelos foi a obra que me deu o reconhecimento como Mestre da Cultura Popular, com aprovação e reconhecimento em edital nacional, com média 9,8. Nesse livro retrato em poesia Leandro Gomes de Barros, Patativa do Assaré, Gonçalo Ferreira da Silva, Ariano Suassuna, Cora Coralina, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Paulo Freire, Machado de Assis, Guimarães Rosa, Euclides da Cunha, Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Manoel Bandeira, João Cabral de Melo Neto, Rachel de Queiroz, Nísia Floresta, Hilda Hilst, Auta de Souza, Anísio Teixeira, Augusto dos Anjos, Castro Alves, Graciliano Ramos, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Cruz e Sousa, Torquato Neto, Lima Barreto, Luís de Camões, José Saramago, Fernando Pessoa, Maria Firmina dos Reis, entre outros.

João Almir: O Distrito Federal como um todo é um celeiro cultural com destaque para Literatura de Cordel, os festejos juninos, músicas e outros segmentos da cultura popular com raiz na região Nordeste, as influências tem contribuido para o fomento e fortalecimento, como a implantação do equipamento cultural Casa do Cantador inaugurado em 1986, que é referência para o cordel e outros segmentos das culturas populares. Na sua opinião o espaço poderia ser mais aproveitado para difusão e fomento da cultura no Distrito Federal e Ride.

Gustavo Dourado:  Sim. A Casa do Cantador tem um importante papel na difusão  da cantoria, da literatura de cordel e da cultura popular no Distrito Federal. Precisa de mais apoio e incentivo do Governo do Distrito Federal e de uma parceria mais efetiva com a Secretaria de Educação do DF para divulgar a cantoria e a literatura de cordel nas escolas.

João Almir: Recentemente servidores do IPHAN – DF, vem mobilizando os cordelistas, xilogravadores e cantadores do Distrito Federal e Ride, com objetivo de dialogar e contruir interação no sentido de valorar a categoria da cultura popular que é um Patrimônio Cultural. Como o senhor analisa essa iniciativa de união. Com sua admissão na ABLC ocupante da cadeira n° 35  Patrono: Expedito Sebastião da Silva. Penúltimo ocupante: Poeta Pedro Bandeira, ambos nomes conhecidos da literatura de cordel no país. Pelo que nos consta és o primeiro poeta do Distrito Federal a ocupar essa importante representação, diante da oportunidade como pretende contribuir para o fortalecimento das culturas populares no Distrito Federal e no Brasil.

Gustavo Dourado: Muito importante o apoio do IPHAN  com o reconhecimento, incentivo e valorização da Literatura de Cordel como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil em 2018. Depois de muitos anos de luta foi importante ter esse reconhecimento do IPHAN. É preciso ter ações efetivas para a divulgação da Literatura de Cordel nas escolas e nos espaços culturais. Poderiam disponibilizar apoios, patrocínios e editais culturais para os cordelistas desenvolverem melhor as suas criações.

Reafirmo que vou lutar pelo reconhecimento da profissões artísticas de cordelista, xilogravurista e cantadores, bem como pelo incentivo e divulgação  da Literatura de Cordel nas escolas, faculdades, universidades, feiras, espaços e centros  culturais.

Para nossa redação foi uma oportunidade impar, e acreditamos que o fomento e difusão é fundamental no processo de preservação e conservação, que somente é possível de forma plena com a implementação de políticas publicas de cultura. O reconhecimento das profissões pelos órgãos é um passo dado no caminho da efetivação e da garantia de preservação da identidade desses artistas.

João Almir Mendes de Sousa

Escritor, cordelista e produtor cultural, especialista em Educação e Patrimônio Artístico e Cultural.

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